Quero destacar algumas mudanças do nosso mundo histórico, mudanças que influenciaram as ideias. A primeira grande mudança deu-se por intermédio de ARQUIMEDES (287 a.C a 212 a.C), na época antiga, foi ele quem inventou a alavanca, com pouquíssima força se pode gerar enorme vantagem mecânica, logo, Arquimedes pode dizer “Dai-me um ponto de apoio e levantarei o mundo”. A segunda grande mudança veio com o astrônomo COPÉRNICO (1473 a 1543), na idade média, coube a ele deslocar o conhecimento do mundo - o centro era a terra (teoria geocêntrica) para afirmar diferentemente da cultura religiosa que o centro é o sol (teoria heliocêntrica) – Nicolau Copérnico viu diferente e referente à nossa atmosfera terrestre: ao próprio sistema solar. A terceira é a REFORMA PROTESTANTE (31 de outubro de 1517) assunto que vou comentar mais abaixo. A quarta grande mudança veio com Sigmund FREUD (1856 a 1939) que colocou em andamento a influência do inconsciente na vida psíquica das pessoas, antes de Freud se pensava apenas na teoria da consciência, mas Freud disse que isso era apenas um iceberg em relação ao oceano do inconsciente.
Há uma analogia inevitável e tacitamente prática para todas estas mudanças, aliás, não exaurindo outras grandes mudanças e invenções importantes nas ideias humanas. Em Arquimedes a idéia de deslocar a força, Copérnico, a idéia de deslocar a visão, a Reforma Protestante, a idéia de deslocar a interpretação e Freud, a idéia de deslocar a alma da consciência para a inconsciência.
Entretanto, para se refletir nessa ideia do deslocamento da interpretação da Reforma Protestante, interpretação que será deslocada da instituição religiosa medieval, assim como configurada no século XVI, para supresa de muitos, não é provável uma classificação ou nomeação de que a Reforma sai da e vai para a, já que a Reforma abarca o princípio da transcendência institucional e retoma a invenção do indivíduo como elemento antropocêntrico e racional.
Pensadores protestantes brasileiros, como Rubem Alves, fértil escritor e cronista, escreveu Protestantismo e repressão, e Israel Belo de Azevedo, destacou muito sugestivamente na obra A celebração do indivíduo sobre o princípio protestante do indivíduo; e também, outros protestantes que são conhecidos mundialmente, como o sociólogo alemão Max Weber, escreveu A ética protestante e o “espírito” do capitalismo e expôs sobre a ascese da burguesia protestante para fins de maior ganho e acúmulo de capital (a partir do controle da família, dos prazeres, da disciplina, da diligência), enfin, a reforma protestante pode ser pensada por diversos ângulos e ideias, mas penso que há um aspecto mais técnico compatível com o modo do historiador, do filósofo, do sociólogo e do teólogo retratarem esse fato à maneira de não duplicarem, como tende ao banal algumas inserções sobre o assunto. Já o estilo de texto demasiado personalista, isto é, baseado na personalidade de Martinho Luthero, deveria primeiro considerar Melanchton: quem foi o pioneiro sistemático da reforma protestante. Em outras palavras, nem todos falam da Reforma quando pensam a Reforma ou sobre ela escrevem; nesse sentido, é possível dizer que nem todos podem dizer sobre a Reforma ou sobre a Reforma escrever.
O teólogo Paul Tillich (1886 a 1965), que orientou a tese de doutorado do filósofo contemporâneo Theodor Adorno, nos inspira sobre o que ele diz ser o poder formativo do protestantismo, ou seja, o protestantismo original tem uma constante resiliência (inconformada) com as FORMAS, reformar, é re-FORMAR em contínuo, por isso, semper reformanda (em latin, “sempre reformada”). Acredito que desse lócus é provável a seguinte sistematização de algo a pensar sobre o protestantismo:
Paul Tillich, 1886-1965 (Teólogo Protestante) |
O teólogo Paul Tillich (1886 a 1965), que orientou a tese de doutorado do filósofo contemporâneo Theodor Adorno, nos inspira sobre o que ele diz ser o poder formativo do protestantismo, ou seja, o protestantismo original tem uma constante resiliência (inconformada) com as FORMAS, reformar, é re-FORMAR em contínuo, por isso, semper reformanda (em latin, “sempre reformada”). Acredito que desse lócus é provável a seguinte sistematização de algo a pensar sobre o protestantismo:
Primeiro, pensar a interpretação, como LUTHERO ao perceber que a verdade precisava ser resgatada daquela fase histórica dissimulada do mundo medieval, que estava a serviço de poucos e não estava revelada acessível a todos. A verdade não tinha publicidade. LUTHERO nos ensinou que é possível trazer a verdade para o contexto das pessoas e do seu dia a dia.
Segundo, pensar a racionalidade desde aquele veio dos reformadores - como pessoas ousadas - que aplicaram o discurso e a linguagem com coragem, ou seja, além do que eles professavam (conforme elementos de sua fé), usaram o maior instrumento de convencimento, a razão, e desenvolveram a maior mudança histórica do seu tempo (portanto, com conteúdo racional).
Terceiro, pensar sobre os direitos porque os reformadores fizeram um manifesto focado para que o acesso ao conhecimento dos fatos não somente dos fatos religiosos, mas também outros como os políticos e os sociais, fossem eles fatos de direito a todos para interpretarem e decidirem. Isso quer dizer que os reformadores lutaram para que não somente o contato com DEUS fosse um domínio para todas as pessoas, mas eles queriam também um lugar politicamente melhor para se viver naquele tempo.
Acredito que não somente a REFORMA, mas também a CONTRA-REFORMA, ambos campos de ação das ideias tiveram que pensar esses pontos - e muitos outros; por issso, a história, a filosofia, a sociologia e a teologia retratam a origem protestante transcendendo o estudo das personalidades e envoltos nos processos, nas redes, nas disposições do poder e nos jogos das verdades dessa trama social, política e histórica da REFORMA PROTESTANTE do século XVI.
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