A hipótese de a escola desenvolver o político como pluralidade e liberdade da criança deverá notar a importância de se compreender essa racionalidade das infâncias no modo especifico de depor sobre suas verdades, inclusive, reservando, nesse espaço escolar, a experiência de um provável ensaio para a esfera pública. Mas a escola resiste a tal pretensão à medida que a intensificação do processo do Estado em atingir metas e elementos políticos de controle social suplanta a condição humana de a criança agir e discutir. Parece que isso acontece porque a escola moderna não consegue aplicar o modelo de democracia da igualdade, ou seja, se a política se exerce entre iguais, enquanto as crianças são desiguais nesse processo adultocêntrico, hierárquico e vertical, a escola está numa emblemática cisão do sentido da política e da real função.
Certamente a solução dessa problemática no entremeio tangível de uma transição para o mundo - porque é nesse impasse que a criança está - deve olhar essa arena ou esse território escolar, posterior à família (instituição), como o espaço mais relevante das crianças, embora diante também dessa normalização infantil deve-se também optar em processos que estão entre o sentido educativo e o sentido político. Portanto, imagino que o conflito (entre o educativo e o político) dirime-se desse estranhamento que torna familiar o espaço escolar, familiar no sentido de ensaiar a esfera da ação política, ou melhor, da política da criança.
Mas, por fim, entendo que Arendt deixou em suspenso um campo a explorar, qual racionalidade política é essa que pode vir das crianças? Como os in-fans – aqueles que não tem voz - podem ascender à ação e ao discurso? Quais experiências podem construir no mundo público? Como entender o espaço-escolar assimilado à esfera pública do aparecimento da criança e da manifestação da pluralidade e da liberdade?
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