quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Ciências Humanas

Qual é o plano de enfoque - para não dizer objeto - das ciências humanas? Equacionar essa questão não é coisa fácil. Alguns simplesmente dizem ser o homem (humano), outros a linguagem, e há aqueles que elegem o discurso (e o texto), ou seja, a arena tem no seu páreo as Ciências Humanas nucleada por algumas boas controvérsias que disputam sobre qual deva ser consideravelmente seu enfoque específico. Torno acirrada a disputa ao opinar que o plano da experiência (do ser humano) merece devido lugar de destaque nessa disputa conceitual. E levo essa discussão para uma paixão na educação: a categoria da infância.
Supondo - nesse campo da educação - a infância como alvo singular da CH, ou da pedagogia relativa à CH, ou da Sociologia da Infância como campo da CH, logo, o que importa é olhar esses atravessamentos constantes que a experiência reflete do saber e do poder sentidos (e imbricados) na sua constituição, sobretudo, textual e institucional - da imagem de infância.
Lembro SARMENTO e como tem dado relevante atenção à infância, via o campo específico da Sociologia da Infância. Mérito seu pontuar a diferença entre as categorias criança e infância à proporção em que ele destaca o conhecimento histórico-social. Mas uma investida opcional passa pela perspectiva do saber-poder para ver a criança-infância como construção estratégica e tática do poder, por exemplo, via práticas discursivas, ou, como produto da instituição social. Contudo não se pode negar o ganho da ideia de infância como construção sócio-histórico. Entrementes, o caminho arqueológico ou genealógico (foucaultiano) faz uma analítica das práticas discursivas com o saber-poder, não por isso, a sociologia da infância ficaria na negativa, aliás, em ambos, a experiência - com as crianças e infâncias - norteia essa metodologia.
Quando Amorim (2004) diz: “Nas ciências humanas, o objeto é não somente falado e atravessado pelo texto, mas ele é texto. Texto a explicar e a interpretar, ele é objeto falante” noto que cai muito bem esse marco da experiência, tanto no texto, tanto no conflito das escrituras e o que se pode “falar” com isso tudo, o que ela registra como polissemias (sentidos) e polifonias (vozes).
Mas o texto está relativo ao sujeito e à experiência do imediato, do acontecimento. Na verdade, não tem mais porque existir o texto como se fosse apenas texto-gramática ou um tipo Revelação. Tem-se agora presumido o inevitável sujeito (que fala dentro da historicidade, da temporalidade não mais apenas como produto da história, ou melhor, ele está junto à própria história). Não há mais tal dicotomia hegeliana. Portanto, desse modo, a experiência se insere como estigma no livro e a CH tem o seu elemento indispensável.

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