quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Para uma Sociologia da Infância verde-amarela



As crianças e infâncias indígenas do Brasil
E a criança do Brasil? E a infância do Brasil? As perguntas se levantam como protesto junto ao modismo dessa imagética (representação) eurocêntrica das crianças e infâncias. Dominam eles os saberes também dos infantes? Ironia a pergunta que por si oculta a suposta hegemonia de dominação dos saberes dos adultos! Está correto Boaventura (2010) destacar que há muitas epistemologias além da Europa, lógico, há as epistemologias do sul, e elas precisam ser resgatadas, inclusive, como projeto político. Então há duas coisas a se considerar relativas às culturas infantis com a educação: primeiro, uma questão óbvia, pois, as crianças e as infâncias brasileiras se diferem das européias e; segundo, quais crianças e infâncias tais epistemologias à brasilidade pode fazer surgir? Essa última equação não é mais fácil que a primeira, pois, há poucas tentativas densas nesse campo da sociologia da infância verde-amarela. As culturas infantis brasileiras estão de algum modo “invisibilizadas”. Deve-se apostar nas literaturas espertas, molecadas, lúdicas e claudicantes nos diversos espaços e tempos brasileiros. Talvez, venha dos clássicos, como Freyre, Holanda e Prado Jr, alguns dos bons resquícios para ampliar a discussão à proporção que contribuem para racionalização da formação social de nosso país. Talvez seja melhor se deparar com o folclore e a cultura infantil em Florestan (As trocinhas do Bom Retiro), pelo menos, ele deixa um texto que pode ser borilado com maior propriedade. Talvez seja possível correlacionar à representação histórica-social da infância brasileira com o que a filósofa Chaui (2004) descreve sobre o mito fundador: “o mito fundador é construído sob a perspectiva do que o filósofo judeu-holandês Baruch Espinosa designa com o conceito de poder teológico-político.” Quem sabe é por isso que há tantos nichos e rituais religiosos e disciplinares afagando a almas dos atores da educação, em nome da salvação das crianças! Aumenta-se, portanto, nesta hipótese, a ideia de infância brasileira mais distinta da européia, com certeza. Já pode ser um bom caminho. Ou, quem sabe, certamente, virá da Cecília e do Drummond um brinde acolhido com a estética da infância e com a poética das crianças. Enfim, posso dizer e concordar com Kramer (1995), pois, tem razão quando diz que as “informações [em referência a representação de infância européia] não podem ser mecanicamente transpostas para a sociedade brasileira dada a diversidade de aspectos sociais, culturais e políticos que interferiram na sua formação. Dentre tais aspectos, pode-se citar a população indígena original, as diferentes migrações, o longo período de escravidão, o imperialismo imposto pelos países europeus e o impingido pelo Brasil a outros países latino-americanos.” Das palavras de Kramer volto (a memória: Chartier) aos índios do Brasil, quem sabe, é o meu inconsciente em busca dos arquéticos (Jung)! Por fim, entre questões apontadas e não apontadas, na verdade, urge tentar levantar mais a sociologia da infância verde-amarela a se insurgir mais fortemente, ou, a sociologia da infância pós-colonial, enfim, qual será nossa densa e específica construção a visibilizar nossas culturas infãntis singulares e específicas?

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