terça-feira, 15 de outubro de 2019

Foi um grande evento (14 de outubro)!!! Todos fomos sensibilizados e convidados à reflexão da violência de gênero.
Todos precisamos maior interesse sobre tal situação da mulher sofrendo violência, aliás, simplesmente por ser (a) mulher. As teses teóricas e os seus binômios dominação-exploracão (linha: machismo) ou exploração-dominação (linha: marxismo) já presenciam, felizmente, certas e boas rupturas dos enquadramentos epistemólogicos da mulher-vitima ou da mulher-não-sujeito, entornando a tese da reversão; por efeito, os processos de vitimização da mulher ainda são naturalizados e perpetuados sob novas matrizes (inclusive, gênero e práticas discursivas de reversão mal ensaiadas) da violência, além das velhas formas deletadas ou delatadas como teorias da violência à mulher. Novos aportes e atualizações são necessários, enfim, as interlocuções imprescindíveis ao fato nu dessa lástima social.  Dar voz à mulher em face da sua realidade - dessa triste violência (leia-se, sistema econômico, político, ideológico, enfim, fatos, práticas discursivas, e evidentemente sua constituição histórica...) - passa longe de um chiste, pois, (precisa ser) a emergente luta pelo(s) seu(s) direito(s); portanto, sim, reconhecimento de direitos humanos, quiçá, forjar uma nova ordem: ao estudo de gênero (a mulher) como reversão dessa situação: uma praxis do presente. Subjetividade e verdade como garantia dessa e de outras formas de estruturação parresiástica (termo foucaultiano para estruturação de procedimentos de reconhecimento de direitos), dar e tecer junto a elas, com a coragem de dizer-a-verdade, enfim, faz-se dessa experiência e dessa possibilidade o manifesto e o ato de tempo contínuo e de reversão.



Mulheres e os Direitos Humanos, democracia e respeito à mulher!

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A filosofia e as aporias com a escrita infantil



Muito se tem discutido, principalmente, da Sociologia da Infância, sobre “invisibilidade das crianças e infâncias” ou “processos de invisibilização das crianças e infâncias”. Mas tenho me aplicado às leituras filosóficas (entendidas como produções/escritas) e observado uma questão no mínimo interessante: por que o textum filosófico silencia sobre as crianças?* Todavia, para saber o porquê tal apagamento - da escrita com a criança e infância - é preciso permear o percurso/rastro em que se procura estudar as ideias e os modos de pensamento da filosofia, portanto, só pode ser pela (via da) leitura crítica da filosofia historiográfica, nesse enfoque, ela se faz no movimento com o aberto e com o amplo de não neutralizar ou não apagar nenhum conhecimento, aliás, sua exata condição de não neutralidade filosófica vai implicar no desfecho em torno dos saberes atuais/contemporâneos: moderno: psicológico, histórico, sociológico (sociologia da infância); assim, me interesso e recorro ao modo filosófico como pretendendo equacionar o que podemos chamar de aporias infantis: aporia dada como “caminho inexpugnável, sem saída”, dada como “dificuldade”: impasse, paradoxo, dúvida, incerteza ou até mesmo momento de autocontradição da escrita híbrida, determinista e/ou falha. Aporia do impasse quanto à ação a empreender (JAPIASSÚ e MARCONDES) com a escrita infantil. Aporia da produção escrita que ocasiona algo como dúvida racional ou espécime de linha confusa de raciocínio (ABBAGNAMO). O que é novo nisso tudo aproveita alguns campos do gargalo dessa problemática, ou seja, a partir da produção escrita com a criança e infância, ou, com as culturas infantis no sistema de educação, que já tem mirado algumas aporias, a saber, e por exemplos: (i) sobre a naturalização e a institucionalização das crianças; (ii) sobre a pedagogização e a psicologização dos infantes; (iii) sobre os modelos da patologia genética e da patologia social que abordam a ideia de criança classista e estruturalista (etc.). Enfim, tem sido feliz e tem produzido racionalidades, mas, será que tem produzido também racionalizações (dogmáticas, fechamentos, hibrismos e novas dúvidas)?
*Obviamente "silenciamento" na filosofia não está nada para neutralidade do textum infantil como está posta tal questão em Descartes, Rousseau, Kant - ainda que posta está no sentido intencional? - e, inclusive, segundo está com os clássicos antigos: Sócrates, Platão e Aristóteles, este que deva ser uma pesquisa da neutralidade ou não-neutralidade do textum infantil.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

DELEUZE: A FILOSOFIA CRIA CONCEITOS



Filósofo DELEUZE, 1925-1995
O filósofo Deleuze - * filósofos (franceses) contemporâneos - diz que "a filosofia é invenção de conceitos" [vide o livro: O que é a filosofia? (2010, p.29): "O conceito é incorporal, embora se encarne ou se efetue nos corpos. Mas, justamente, não se confunde com o estado de coisas no qual se efetua. Não tem coordenadas espaço temporais, mas apenas ordenadas intensivas. Não tem energia, mas somente intensidades, é anergético (a energia não é a intensidade, mas a maneira como esta se desenrola e se anula num estado de coisas extensivo). O conceito diz o acontecimento, não a essência ou a coisa.]
Nesse sentido explicativo o conceito faz uma contraposição com a matematização científica ou a mensuração empírica, inclusive, contraposição ao fenômeno e ao pensamento metafísico ou ontológico como a que pergunta pelo SER.
Deleuze – junto com Félix Guattari - nunca deixou de fazer esse exercício: a invenção de conceitos, exemplos: máquinas-desejantes, corpo-sem-órgãos, desterritorialização, rizoma, ritornelo e outros. Todavia, os atos dessas invenções de conceitos não intencionava de maneria nenhum engessar "verdades" a serem reproduzidas. Tal lógica sinaliza por si uma crítica do conhecimento e o poder, ou seja, quem sabe mais, tem mais poder: dominação pelo saber. Porque não se tratava de simples trocas de palavras, como se não houvesse chão ou território como plano de ação, sentidos e signos, os conceitos efeminizam a questão da verdade pelo duto científica (verdade versus ciência).
Por sua vez, o estranhamento com qualquer conceito pode demandar pela explicação do seu contexto e a significação do seu  sentido (se alguém inventou, tem esse segredo, pelo menos, para situar a criação na linguagem!). O conceito pede pelo aparecimento!
E se o novo conceito gera tal estranhamento, assusta ou afeta, por efeito, lança algumas questões críticas: (i) a querela sobre como comunicar com àquele que ainda não conhece uma palavra/conceito pelo sentido, contexto (vocabulário); (ii) como esse conceito reiventa a situação que se projeta no plano que também aparece como "novo"? Nesses aspectos Deleuze (2010, p.45) tem uma provocação: "A filosofia é um construtivismo, e o construtivismo tem dois aspectos complementares, que diferem em natureza: criar conceitos e traçar um plano". O ato de criação, portanto, precisa de um plano de ação. Se crio por exemplo um 'devir-criança' tenho por plano a rediscussão o que é a criança e o que é a infância além da 'verdade' biológica, psicológica, educativa? Que experiência e acontecimento tem a infância como plano de um novo saber? 

domingo, 18 de agosto de 2013

Marx e a Ideologia marxista

Karl Marx, 1818-1883
Tomando como referência o que dizem Japiassú e Marcondes (2006, p.141), ou seja, que a ideologia marxista vem tomada pelo sentido crítico, pois, (com ela) se recorta (criticamente) esse fenômeno da superestrutura, que está no entremeio das relações sociais e a estrutura econômica da sociedade, enfim, (com ela) se demonstra como tal gargalo classista acaba por servir exatamente aos interesses da classe dominante, o que se chama de ‘burguesia’, logo, desse modo e por efeito, os pensamentos dominantes serão, na verdade, (sempre) os pensamentos de sua dominação, ou seja, a ideologia serve para justificar o domínio exercido como tal e também para manter a manutenção da sociedade nessa dicotomia proletários/burgueses (quer dizer, da burguesia versus do proletariado). Não penso que seja uma dicotomia, uma dualidade, a menos que se veja nessa polarização burguesia e proletários uma redução semântica da teorias social, porém, não estaremos mais com Marx, porque a dialética implica necessariamente num devir ou movimento histórico, que, no caso deste filósofo, ao ter invertido a dialética de Hegel, que para ele estava com de cabeça para baixo, o Espírito marxista explicita uma Teoria Social em que as relações de produções implicam numa Ontologia "material" das Ideias, não ao contrário, como em Hegel. Ou seja, a materialidade das relações de produção mantém nexo com as ideias da burguesia, não ao contrário. Mas Karl Marx propõe de fato uma síntese para mudar a lógica classista, qual deva ser então? Sua resposta não cabe aqui mais que sintetizar numa palavra: revolução. Isso dito, por enquanto, para não fecharmos o assunto, basta-se!

QUESTÃO: Será que a Ideologia marxista se oferece como um tipo de "poder invisível", de sentido construtivo? como podemos superar, por outro lado, conforme a crítica ao materialismo histórico-dialético marxista da determinação filosófica ideológica, ou melhor, será que há fissuras - ou não - nesta "determinação" do sujeito marxista?
Referência Bibliográfica

JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

ÉTICA NA CIDADE (influência histórica clássica grega)

SÓCRATES (469-399 a.C.)
Para pensar sobre a ética articulada ao social, junto às intersubjetividades/atores da cidade, isto é, ética na cidade e a cidade ética, primeiramente, temos que ver - na história da filosofia – que nem sempre o interesse pela cidade deve ter sido mais acentuado que na fase clássica grega, quer dizer, por exemplo, o que se verá na escolástica, diferentemente, é uma estilística teológica, o que se verá na fase moderna: mais sobre o interesse pelo conhecimento (possibilidades, limites, uso da razão, etc.), e o que se verá na fase contemporânea estará centrado no interesse pela linguagem - e pela superação da modernidade, resguardadas suas problematizações conceituais e plurirreferencialidades teóricas sobre o "pós"! -, enfim, nestas fases - de atravessamentos e modulações - o conhecimento filosófico (caso não se distancie da ética) mais longe parecer ficar da noção da cidade, da cidade ética. Nesse sentido, por exemplo, Aranha (2009, p.248) nos lembrará (exatamente) do tempo clássico grego, pois, lá se tem a ideia de nascente de um “sujeito moral” afundado mais numa completa individualidade, inclusive, indivíduo(s) absorvido(s) no conceito de cidadão(s) da cidade, mas com nexo intrinsecamente ligado à política, portanto, Sócrates, Platão e Aristóteles, se não avançam sobre uma questão social a que estamos tentando sublinhar com seu caráter ético da cidade, como tal hoje, obviamente, temos que articular com outra noção de política, de ética, logo, de práxis, porque para estes filósofos clássicos antigos, ainda que, segundo Habermas - e muitos outros teóricos, não tiveram em sua concepção a separação conceitual e o deslindamento teórico da ética e da política na cidade, quer dizer, pensavam no mesmo plano de enfoque, e, ainda que a pólis (cidade, estado) não se apresente para nós na sua devida configuração espiritual grega a que prescinde de nossa razão moderna e contemporânea capturá-la como tal era na representação da experiência ática, sobretudo, porque para nós, de influência iluminista adjetivada nos seus valores caros e impregnados no nosso sistema educativo enciclopédico, verteu-nos outros signos sobre a noção de política e ética na cidade. Nenhum dos termos se apresenta do mesmo modo, e isoladamente não evidenciam o mesmo impacto, pois, como se pode isso esperar de fato. Mas a historicidade dos termos esclarece que o conceito está para ser interpretado também. É preciso contextualizar o conceito. Voltando aos gregos, pelo menos, eles são articuladores da noção ética, no sentido que se tem da política da cidade e do espírito de seus cidadãos virtuosos (aretê). A discussão tem certamente maior fôlego se a partir deles se emular. Concorda também Silva (1993, p.13, grifos nosso): no que tange à importância dos clássicos sobre o conhecimento ético e a cidade ao dizer que dificilmente imaginaríamos um filósofo mais comprometido com a cidade, com os problemas da vida política e com o destino histórico dos seus concidadãos do que Sócrates. O filósofo da praça, talvez, mais da rua, baliza o platonismo, o aristotelismo, os sofistas (nesse embate) e até os céticos antigos. Nesse caso, não sendo despretensioso, vê-se acentuado a função social do filósofo. Por isso, finalmente, caberá uma questão para nosso comentário:

QUESTÃO: Como os clássicos SÓCRATES, PLATÃO E ARISTÓTELES articulam a ética na cidade, o conceito de cidadania, as bases da democracia (assembleia, justiça, participação discursiva, etc.), enfim, como eles desenvolvem uma racionalidade social que por sua vez consegue ser de importância contemporânea?

Referências Bibliográficas
1.       ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2009.
2.       _____. Temas de filosofia. 3ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005.
3.       ARANTES, Paulo Eduardo; MUCHAIL, Salma T (org.). A filosofia e seu ensino. São Paulo: EDUC, 1993.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Dos “caras-pintadas” de 92 aos manifestos juvenis do Brasil de hoje (2013).



1992, "caras-pintadas" nas ruas, 2013, novo manifesto juvenil.

Fico lamentando porque não participei do movimento dos “caras pintadas” de 1992; não participei nas ruas – mas participei de coração. Também, naquele tempo, sem celulares, facebooks e companhia, as informações e as articulações militantes foram privilegiadas nas grandes capitais do país. O movimento social daquele tempo estava mais recortado geograficamente que militantemente, talvez sim, porém, foi intenso no seu raio de alcance. Isso para ainda nos dizer como tal.
Se hoje torço pelos jovens que saem às ruas, novamente, além do mais fico às vezes desconfiado pela lei causa-efeito, que me faz pensar: “qual partido estaria por trás deste movimento?”, “quem estaria por trás do engajamento”, “o que eles querem de fato com isto?”... entretanto, não é justo pensar assim... e novamente, agora, porque não sou jovem, não vou às ruas?! Neste a torcida, naquele o coração.
Em paralelo, já que estudo as crianças e as infâncias como culturas de pares, e suas interfaces educativas, pois, na cidade e na cultura contemporânea, não gosto de vê-las “naturalizadas”, de vê-las “ingenuizadas”, portanto, por qual motivo tenho que pensar que os jovens estão nas ruas - sem pinturas nas suas faces - como em 92 como se não soubessem o que de fato querem, enfim, por que eles estariam sendo ingênuos à questão que lutam nesta geração?
Cogito: se eles querem o que hoje não estão vendo na democracia de algumas décadas, pelo menos estão certos e devem ser apoiados por todos nós (brasileiros): Eles querem uma classe política séria, menos impostos e pouco dispendiosos, democracia transparente, copa do mundo de 2014 que veja a verdade do grande investimento na educação que não se tem, direitos humanos? [...] Enfim, prefiro acreditar que eles estão realmente incorporando os que torço serem: “sujeitos históricos”: de uma realidade social democrática cuja estirpe de participação social são hoje “herdeiros” e “filhos”... e que não suportam mais tantas injustiças, corrupções e des-respeito aos direitos humanos - DH entendido aqui também como oportunidade, trabalho, educação e outros adjetivos democráticos institucionais mais densos. (Mas que eles não sejam enganados por uma ideia de futuro, como diz Sartre, "perspectiva de futuro", que nunca chega ao presente histórico, mesmo que seja o presente amanhã, daqui um ano ou uma década). Se a História não é passado, tampouco deva ser futuro, nesse caso, eles estão ressignificando o presente. 
Só que naquele tempo (de 92), nós éramos atores coadjuvantes de uma “galera” política impetrando a DEMOCRACIA (que até hoje ainda não aprendi seus segredos!), isto é, o movimento era mais político, como se o "FORA COLLOR" mudasse o Brasil completamente, sim, fomos mais ingênuos e manipulados, aliás, hoje até acho que foi COLLOR que mudou um pouco o Brasil para avançar na democracia, sim, acreditem nesta plausibilidade ou hipótese, deva fazer sentido!
Outrossim, HOJE, estes jovens se consideram filhos da democracia e da revolução... inclusive, se naquele tempo parecia que a REDE GLOBO era nossa "amiga", "amiga midiática", depois vimos, infelizmente, na verdade, ela era o demônio político que nos enganou e nos manipulou, sim, a Globo era coadjuvante da política de manobra, hoje, os jovens lutam contra até a REDE GLOBLO, que passa dez minutos falando da passeata pacífica e quarenta minutos falando sobre os atos de vandalismos de alguns (e não quero subestimar os jovens que não leram Adorno e Horkheimer nesta Indústria Cultural e nesta magia da dominação midiática). Ora, se a Globo não quer visibilizar o "mal" da passeata, nada diga, como nada ela diz do que seja mal durante o CARNAVAL! Tenha a mesma medida Globo para festa da passeata sem demonizar os jovens como se fossem todos vândalos. Maldita estética global da linguagem também "produzida" deste real.
A GLOBO está a favor dos jovens como estava conosco em 92? Redondamente um NÃO, e que se entenda, NÃO de dupla face: a) enganando; b) militando. Do contrário, este não é um SIM disfarçado de lobo no meio das ovelhas.
A Patrícia Poeta verbalizou o texto lido bem empostado esses dias: “A Rede Globo é imparcial nas informações... e não deixará de mostrar os fatos”: MENTIRA. Não podemos ouvir DUAS VEZES como jovens, crianças e adultos, pois, se, hoje, não sou mais um JOVEM, porém, não tenho porque aceitar DUAS VEZES a MESMA MENTIRA, logo, lutem jovens, lutemos com vocês todos!!! E Vamos continuar torcendo para que o manifesto beneficie TODOS NÓS BRASILEIROS que querem um país melhor!!!