terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A filosofia e as aporias com a escrita infantil



Muito se tem discutido, principalmente, da Sociologia da Infância, sobre “invisibilidade das crianças e infâncias” ou “processos de invisibilização das crianças e infâncias”. Mas tenho me aplicado às leituras filosóficas (entendidas como produções/escritas) e observado uma questão no mínimo interessante: por que o textum filosófico silencia sobre as crianças?* Todavia, para saber o porquê tal apagamento - da escrita com a criança e infância - é preciso permear o percurso/rastro em que se procura estudar as ideias e os modos de pensamento da filosofia, portanto, só pode ser pela (via da) leitura crítica da filosofia historiográfica, nesse enfoque, ela se faz no movimento com o aberto e com o amplo de não neutralizar ou não apagar nenhum conhecimento, aliás, sua exata condição de não neutralidade filosófica vai implicar no desfecho em torno dos saberes atuais/contemporâneos: moderno: psicológico, histórico, sociológico (sociologia da infância); assim, me interesso e recorro ao modo filosófico como pretendendo equacionar o que podemos chamar de aporias infantis: aporia dada como “caminho inexpugnável, sem saída”, dada como “dificuldade”: impasse, paradoxo, dúvida, incerteza ou até mesmo momento de autocontradição da escrita híbrida, determinista e/ou falha. Aporia do impasse quanto à ação a empreender (JAPIASSÚ e MARCONDES) com a escrita infantil. Aporia da produção escrita que ocasiona algo como dúvida racional ou espécime de linha confusa de raciocínio (ABBAGNAMO). O que é novo nisso tudo aproveita alguns campos do gargalo dessa problemática, ou seja, a partir da produção escrita com a criança e infância, ou, com as culturas infantis no sistema de educação, que já tem mirado algumas aporias, a saber, e por exemplos: (i) sobre a naturalização e a institucionalização das crianças; (ii) sobre a pedagogização e a psicologização dos infantes; (iii) sobre os modelos da patologia genética e da patologia social que abordam a ideia de criança classista e estruturalista (etc.). Enfim, tem sido feliz e tem produzido racionalidades, mas, será que tem produzido também racionalizações (dogmáticas, fechamentos, hibrismos e novas dúvidas)?
*Obviamente "silenciamento" na filosofia não está nada para neutralidade do textum infantil como está posta tal questão em Descartes, Rousseau, Kant - ainda que posta está no sentido intencional? - e, inclusive, segundo está com os clássicos antigos: Sócrates, Platão e Aristóteles, este que deva ser uma pesquisa da neutralidade ou não-neutralidade do textum infantil.