domingo, 18 de agosto de 2013

ÉTICA NA CIDADE (influência histórica clássica grega)

SÓCRATES (469-399 a.C.)
Para pensar sobre a ética articulada ao social, junto às intersubjetividades/atores da cidade, isto é, ética na cidade e a cidade ética, primeiramente, temos que ver - na história da filosofia – que nem sempre o interesse pela cidade deve ter sido mais acentuado que na fase clássica grega, quer dizer, por exemplo, o que se verá na escolástica, diferentemente, é uma estilística teológica, o que se verá na fase moderna: mais sobre o interesse pelo conhecimento (possibilidades, limites, uso da razão, etc.), e o que se verá na fase contemporânea estará centrado no interesse pela linguagem - e pela superação da modernidade, resguardadas suas problematizações conceituais e plurirreferencialidades teóricas sobre o "pós"! -, enfim, nestas fases - de atravessamentos e modulações - o conhecimento filosófico (caso não se distancie da ética) mais longe parecer ficar da noção da cidade, da cidade ética. Nesse sentido, por exemplo, Aranha (2009, p.248) nos lembrará (exatamente) do tempo clássico grego, pois, lá se tem a ideia de nascente de um “sujeito moral” afundado mais numa completa individualidade, inclusive, indivíduo(s) absorvido(s) no conceito de cidadão(s) da cidade, mas com nexo intrinsecamente ligado à política, portanto, Sócrates, Platão e Aristóteles, se não avançam sobre uma questão social a que estamos tentando sublinhar com seu caráter ético da cidade, como tal hoje, obviamente, temos que articular com outra noção de política, de ética, logo, de práxis, porque para estes filósofos clássicos antigos, ainda que, segundo Habermas - e muitos outros teóricos, não tiveram em sua concepção a separação conceitual e o deslindamento teórico da ética e da política na cidade, quer dizer, pensavam no mesmo plano de enfoque, e, ainda que a pólis (cidade, estado) não se apresente para nós na sua devida configuração espiritual grega a que prescinde de nossa razão moderna e contemporânea capturá-la como tal era na representação da experiência ática, sobretudo, porque para nós, de influência iluminista adjetivada nos seus valores caros e impregnados no nosso sistema educativo enciclopédico, verteu-nos outros signos sobre a noção de política e ética na cidade. Nenhum dos termos se apresenta do mesmo modo, e isoladamente não evidenciam o mesmo impacto, pois, como se pode isso esperar de fato. Mas a historicidade dos termos esclarece que o conceito está para ser interpretado também. É preciso contextualizar o conceito. Voltando aos gregos, pelo menos, eles são articuladores da noção ética, no sentido que se tem da política da cidade e do espírito de seus cidadãos virtuosos (aretê). A discussão tem certamente maior fôlego se a partir deles se emular. Concorda também Silva (1993, p.13, grifos nosso): no que tange à importância dos clássicos sobre o conhecimento ético e a cidade ao dizer que dificilmente imaginaríamos um filósofo mais comprometido com a cidade, com os problemas da vida política e com o destino histórico dos seus concidadãos do que Sócrates. O filósofo da praça, talvez, mais da rua, baliza o platonismo, o aristotelismo, os sofistas (nesse embate) e até os céticos antigos. Nesse caso, não sendo despretensioso, vê-se acentuado a função social do filósofo. Por isso, finalmente, caberá uma questão para nosso comentário:

QUESTÃO: Como os clássicos SÓCRATES, PLATÃO E ARISTÓTELES articulam a ética na cidade, o conceito de cidadania, as bases da democracia (assembleia, justiça, participação discursiva, etc.), enfim, como eles desenvolvem uma racionalidade social que por sua vez consegue ser de importância contemporânea?

Referências Bibliográficas
1.       ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2009.
2.       _____. Temas de filosofia. 3ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005.
3.       ARANTES, Paulo Eduardo; MUCHAIL, Salma T (org.). A filosofia e seu ensino. São Paulo: EDUC, 1993.

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