quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Crítica às críticas das teorias do conflito nas práticas docentes.


O estudo sobre as teorias do conflito com as práticas docentes são muito importantes. O ensino, a didática, o currículo: Tradicional, Renovado (escolanovista), passam por ela. Este foco "conflitivo" circula um tipo de sociologia epistemológica, em detrimento de toda fama hegemônica que se tem (por aí) com propalada psicologia junto ao saber pedagógico. A crítica é mais extensa ao raio importante do piagetismo e do vygostyquismo. Só que por essa simples (simples, sem ser pejorativo, reportando-se ao sentido da complexidade) planificação psicológica, fica bem diferente articular uma discussão da escola e sociedade. Esta é a questão da teoria do conflito, articular a educação e a pedagogia à Teoria Social. A exteriorização e o rebatimento escolar estabelecendo nexos com a história e a sociedade: modos de produção, relações de produção... estão implicados e imbricados nesta trama. Por isto os teóricos se ocupam em discutir a questão da reprodução e da ideologia, e o fazem com certa inspiração na sociologia dos clássicos - Karl Marx, Durkheim, Max Weber –; portanto, eles recolocam em trânsito (no território escolar) as estruturas de classe e sua contradição (entre a burguesia e o proletariado), também, os elementos significantes da subjetividade dos indivíduos e o funcionalismo escolar. O funcionalismo escolar procura encontrar fios das partes com o todo, nesse caso, tece para fora e de fora para dentro, escola e sociedade. Esta teorização, logo, as teorias do conflito, baseiam-se nos conflitos de classe tendo por télos (finalidade) explicar a realidade social (escolar). É possível destacar alguns dos críticos ferrenhos contemporâneos: Louis Althusser, Ideologia e aparelhos ideológicos de Estado, Samuel Bowles e Heber Gintis, Teoria da correspondência e, Pierre Bourdeu e Jean-Claude Passeron, A reprodução. Mas há caminhos e descaminhos a serem pensados com estes críticos que descartam a “toda poderosa” psicologia comportamental em suas análises mais densas da sociedade e escola. De fato, a escola e o sistema de educação se propagam no social, embora, os indivíduos são mensurados em seu cotidiano escolar, aparentados como células isoladas. Se o pensamento de Althusser chega ao ponto do determinismo, pois, chega a ver a escola, aparelho ideológico do Estado, fatalmente a reproduzir a qualificação, a formatar a submissão e a ordenar o espaço social, portanto, um estruturalismo (althusseriano) que não se permite pensar como reverter o fato. Por outro lado, Bowles e Gintis, quando propõem uma revolução ao sistema capitalista ideológico pela via de uma alternativa socialista, fazem sua aposta na mudança do modelo da economia, logo, deixam as pessoas ainda numa posição "passiva ou neutra" à mudança estrutural: elas estão fadadas ao mérito, ou, sucesso, mas baseadas em seus dotes individuais (como o esforço e o seu nível educativo). Nessa trama dos críticos, Bourdieu e Passeron, procuram explicar a ordem social e cultural reproduzida pela escola, ou melhor, a teoria do próprio sistema educativo que tem por sina priorizar os interesses da classe dominante e, a engrenagem desse funcionalismo escolar operacionalizada pela violência simbólica: o poder detido (imposto) por uma classe (a burguesa). Acho tudo isso mais interessante até certo ponto. Mas, como dito em outro lugar, embora soe um tanto quanto pessimista ou amarga a situação escolar e social, urge ser imprescindível colocar no relevo tais linhas críticas, segundo estes formuladores das teorias do conflito, em alguns planos, a saber: (i) para o determinismo althusseriano, faltando-lhe pensar sobre o modo como se poderá produzir as liberdades e as resistências contra o modelo de dominação ideológico delatado; (ii) para o reducionismo econômico e absorção do real/social na reflexão de Bowles e Gintis, carecendo-lhe uma visão mais ampla que dê conta da realidade social mais densa; (iii) e, com Bourdieu e Passeron, ainda que coube-lhes o mérito de denunciar a violência simbólica (poder simbólico) em que a classe burguesa legitima seu interesse, entretanto, há equívocos sutis na teoria, que foca muito mais uma violência estrutural deste seu capital cultural, a violência é CULTURAL, boa sacada, mas insuficiente nas respostas: pois, o fato dela (teoria bourdieniana) cair na rigidez das teorias estruturalistas e funcionalistas da socialização e reprodução, de não conseguir explicar como o sujeito ao sair do sistema de educação, sofre, altera ou negocia o que se chama de habitus, este capital cultural interiorizado na reprodução escolar, enfim, são novas carências e capturas que provocam armadilhas no modo de pensar.

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