O
estudo sobre as teorias do conflito com as práticas docentes são
muito importantes. O ensino, a didática, o currículo: Tradicional, Renovado (escolanovista), passam por ela. Este foco "conflitivo" circula um tipo de sociologia epistemológica, em
detrimento de toda fama hegemônica que se tem (por aí) com propalada psicologia junto ao
saber pedagógico. A crítica é mais extensa ao raio importante do piagetismo e do vygostyquismo. Só que por essa simples (simples, sem ser pejorativo, reportando-se ao sentido da complexidade) planificação psicológica, fica bem diferente
articular uma discussão da escola e sociedade. Esta é a questão da teoria do conflito, articular a educação e a pedagogia à Teoria Social. A exteriorização e o rebatimento escolar estabelecendo nexos com a história e a sociedade: modos de produção, relações de produção... estão implicados e imbricados nesta trama. Por isto os teóricos se ocupam
em discutir a questão da reprodução e da ideologia, e o fazem com certa
inspiração na sociologia dos clássicos - Karl Marx, Durkheim, Max Weber –;
portanto, eles recolocam em trânsito (no território escolar) as estruturas
de classe e sua contradição (entre a burguesia e o proletariado), também, os
elementos significantes da subjetividade dos indivíduos e o funcionalismo
escolar. O funcionalismo escolar procura encontrar fios das partes com o todo, nesse caso, tece para fora e de fora para dentro, escola e sociedade. Esta teorização, logo, as teorias do conflito, baseiam-se
nos conflitos de classe tendo por télos (finalidade) explicar a realidade social (escolar). É
possível destacar alguns dos críticos ferrenhos contemporâneos: Louis
Althusser, Ideologia e aparelhos ideológicos de Estado, Samuel
Bowles e Heber Gintis, Teoria da correspondência e, Pierre
Bourdeu e Jean-Claude Passeron, A reprodução. Mas há caminhos
e descaminhos a serem pensados com estes críticos que descartam a “toda
poderosa” psicologia comportamental em suas análises mais densas da sociedade e
escola. De fato, a escola e o sistema de educação se propagam no social,
embora, os indivíduos são mensurados em seu cotidiano escolar, aparentados como células isoladas. Se o pensamento de
Althusser chega ao ponto do determinismo, pois, chega a ver a escola, aparelho ideológico do
Estado, fatalmente a reproduzir a qualificação, a formatar
a submissão e a ordenar o espaço social, portanto, um estruturalismo
(althusseriano) que não se permite pensar como reverter o fato. Por
outro lado, Bowles e Gintis, quando propõem uma revolução ao sistema
capitalista ideológico pela via de uma alternativa socialista, fazem sua
aposta na mudança do modelo da economia, logo, deixam as pessoas ainda numa
posição "passiva ou neutra" à mudança estrutural: elas estão
fadadas ao mérito, ou, sucesso, mas baseadas em seus dotes individuais (como o
esforço e o seu nível educativo). Nessa trama dos críticos, Bourdieu e
Passeron, procuram explicar a ordem social e cultural reproduzida pela
escola, ou melhor, a teoria do próprio sistema educativo que tem por sina
priorizar os interesses da classe dominante e, a engrenagem desse funcionalismo
escolar operacionalizada pela violência simbólica: o poder detido
(imposto) por uma classe (a burguesa). Acho tudo isso mais interessante até certo ponto. Mas, como dito em outro
lugar, embora soe um tanto quanto pessimista ou amarga a situação escolar e social, urge ser imprescindível
colocar no relevo tais linhas críticas, segundo estes formuladores das teorias
do conflito, em alguns planos, a saber: (i) para o determinismo althusseriano, faltando-lhe pensar sobre o
modo como se poderá produzir as liberdades e as resistências contra o modelo de
dominação ideológico delatado; (ii) para o reducionismo econômico e absorção do
real/social na reflexão de Bowles e Gintis, carecendo-lhe uma visão mais ampla que dê conta da realidade social mais densa; (iii) e, com Bourdieu e Passeron, ainda que coube-lhes o
mérito de denunciar a violência simbólica (poder simbólico) em que a classe
burguesa legitima seu interesse, entretanto, há equívocos sutis na teoria, que foca muito mais uma violência estrutural deste seu capital cultural, a violência é CULTURAL, boa sacada, mas insuficiente nas respostas: pois, o
fato dela (teoria bourdieniana) cair na rigidez das teorias estruturalistas e funcionalistas da
socialização e reprodução, de não conseguir explicar como o sujeito ao sair
do sistema de educação, sofre, altera ou negocia o que se chama de habitus,
este capital cultural interiorizado na reprodução escolar, enfim, são novas carências e capturas que provocam armadilhas no modo de pensar.
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