É
interessante o modo como Foucault se apropria e procura estudar o
poder, como dito em outro lugar, sem dedicar um texto especial ao
assunto. Nesse aspecto, já na fase final de suas obras (e
vida), Foucault haverá de se interessar para produções como uma temática
específica: sobre si e sobre os outros;
bem, na verdade deve-se entender que essas pesquisas sobre o SI-MESMO e
sobre OS OUTRO, interceptam o campo da SUBJETIVIDADE e LIBERDADE dos
SUJEITOS, por sua vez, tudo está imbricado diferentemente das
referências ou limites das estruturas jurídicas e estatais modernas.
Esse é o tom foucaultiano, aliás, ajuda-nos - e lembra-nos
- o filósofo Deleuze (2005, p.109): “A idéia fundamental de Foucault é a
de uma dimensão da subjetividade que deriva do poder e do saber, mas
que não depende dele.” Portanto, a flexão foucaultiana se insere no
campo da subjetividade (ou seja, como os sujeitos se fazem, se cuidam,
se tecem, se moralizam, etc.?). De tal questionamento é que se marcará a
diferença que a liberdade define frente às formas do poder tipo o
código moral (regras e valores propostos aos indivíduos ou grupos) e seu
aparecimento nas instituições (como as famílias, as escolas e as
igrejas): “As diferenças podem, assim, dizer respeito ao modo de sujeição,
isto é, à maneira pela qual o indivíduo estabelece sua relação com essa
regra e se reconhece como ligado à obrigação de pô-la em prática”
(FOUCAULT, 1984, p.27). Sobretudo, em tantas pesquisas históricas e
comparações, Foucault enterra de vez uma simples origem para as questões
da moralidade, do ascetismo ou do ritualismo que a Idade Média e
Moderna terá que experiênciar, istoé, colocar em justaposição a gênese
da moral acética com a moral cristã, aliás, não que, outros pensadores
tenham tornado a questão simplista demais (nessa ideia da gênese da
moral), porém, o que se propõe aqui é muito mais atenção para o fato um
pouco mais complexo, ou melhor, se o reducionismo da moral tentou
chegar à medida em que desejava convencer nossa contemporaneidade da
simples gênese moral, sobretude, absorvida à Moral Cristã e nela a se
consolidar, então, Foucault ajuda à retomada menos ingênua do assunto,
posto que, até àqueles que se iludem numa crítica desmedida, empunhados
com o martelo nietzschiano, a golpear no ponto de ataque à gênese da
moral cristã, aliás, Nietzsche, filósofo que foi também um dos mentores
de Foucault, enfim, tal proposta do reducionismo moral, como se fosse
aí a base da contemporaneidade à proporção que seria fácil de ser
desmantelada e explicável os modos de subjetivação ou de governaentos
dos outros, pos bem, tudo isso para ficou no adeus. Em resumo,
a conversa não se encerra na tentativa desse golpe ou manobra discursiva
de justificação moral como se fosse algo simples, na verdade, a
historicidade de como o sujeito se constitui o sujeito moral precisa de
maior amplitude: essa noção do cuidado de si e dos outros; e a
diversidade genealógica da moralidade e da individualidade cultural e
histórica.
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